A onda dos SUVs cupês de volume no Brasil poderia ter começado muito antes do VW Nivus, modelo que popularizou o segmento desde 2020. Para quem não se lembra, por muito tempo o Renault Arkana foi especulado para o Brasil e até cogitado, mas em 2023 a marca francesa descartou de vez a vinda do SUV cupê. Mas por que então o Renault Arkana foi flagrado recentemente no Brasil?
Como explicamos em uma matéria de pouco mais de um ano atrás, o Renault Arkana não vem para o Brasil. Basicamente, o cancelamento da vinda do SUV cupê ao país se deu por conta de custos, já que seria difícil posicionar o modelo em meio a outros SUVs à venda por aqui, como Toyota Corolla Cross produzido no Brasil, bem como outros como BYD Song Plus e Haval H6 HEV, de maior desempenho.
Renault Arkana novamente flagrado
Com porte um pouco maior que um Fiat Fastback, o Renault Arkana foi flagrado em Curitiba (PR) e teve sua imagem publicada pelo perfil @placaverde no Instagram. A imagem não deixa muito claro, mas parece que a unidade flagrada em questão se trata do modelo pré-facelift em relação ao vendido no mercado europeu, que por sua vez é comercializado em países vizinhos ao Brasil, como Uruguai e Colômbia, por exemplo.
Isso porque a traseira parece exibir o antigo losango clássico da Renault em vez do atual logo, que traz o mesmo formato, mas representado por linhas mais minimalistas. No restante, é o mesmo Renault Arkana de sempre, com a lanterna preenchendo boa parte da traseira com sua assinatura em LED marcante e o para-choque traseiro robusto.
Mas o que importa mesmo está debaixo do capô, já que a Renault provavelmente está utilizando o Arkana para rodar com sua motorização híbrida no Brasil. Importante lembrar que no final do ano passado a marca francesa anunciou um investimento de R$ 2,2 bilhões, aporte que terá como resultado oito novos carros até 2027, plano no qual inclui o Renault Kardian lançado em março deste ano e um inédito SUV cupê posicionado logo acima.
Em maio de 2023, a Mobiauto antecipou com exclusividade sobre o novo motor híbrido flex que a Renault está desenvolvendo no Brasil. Tal propulsor está em testes e, provavelmente, é o mesmo conjunto que está debaixo do Arkana flagrado nesta semana.
Enquanto a Stellantis e a Volkswagen devem iniciar seu processo de eletrificação com a tecnologia híbrida-leve ou micro-híbrida, a Renault vai seguir um caminho diferente e começar pelo híbrido pleno, tal qual fez a Toyota com o Corolla lá em 2019.
Nas apurações que revelamos ano passado, concluímos que tal motorização se trata do conjunto motriz que equipa os híbridos Clio E-Tech e Arkana E-Tech, esse último flagrado agora no Brasil. É o motor a combustão da família H4M, aquele mesmo 1.6 16V quatro-cilindros naturalmente aspirado utilizado em Duster, Oroch e Stepway vendidos no Brasil e que comercialmente atende pelo nome de SCe.
A questão é que, na versão híbrida deste motor 1.6, tal usina opera sob o ciclo Atkinson. Em suma, o motor de ciclo Atkinson aumenta a eficiência energética do motor e melhora o consumo de combustível, mas por outro lado reduz razoavelmente a potência e o torque.
Assim, o motor 1.6 H4M da Renault tem sua força reduzida de 118 cv (a 5.500 rpm) e 16,2 kgfm (a 4.000 rpm) com gasolina para 91 cv (a 5.600 rpm) e 14,7 kgfm (a 3.200 rpm). Mas temos um motor elétrico na jogada representado pelo propulsor de tração de 69 cv e 20,9 kgfm.
Dessa forma, a potência combinada é de 143 cv bebendo gasolina. Já quando abastecido com etanol, tal motor 1.6 híbrido flex em desenvolvimento no Brasil é esperado que o pico possa ficar entre 145 cv e 150 cv. A cereja do bolo mesmo será o consumo dessa motorização híbrida plena (que não depende de recarga externa): poderá chegar nos 20 km/litro.
